Em celebração ao Dia Internacional da Educação, convidamos Bruno Junqueira, CHRO da SOMOS Educação para participar do nosso #NEOEntrevista, compartilhando sua visão sobre o cenário da educação no país.
NEO:
O dia internacional da educação foi criado em 2018 pelas Nações Unidas, com o objetivo de assinalar o papel da educação para a paz e o desenvolvimento. Segundo a organização, sem um sistema de ensino inclusivo e equitativo, os países não poderão alcançar a igualdade racial e de gênero ou sair de um ciclo de pobreza. Qual sua visão sobre o cenário da educação no nosso país, e quais seriam ações fundamentais para atingirmos um patamar em que todos tenham acesso a um ensino de qualidade?
Bruno Junqueira:
“Temos uma desigualdade gigantesca entre as escolas públicas e particulares e, essa desigualdade, ficou ainda mais visível durante o período de pandemia. Na pandemia, com as escolas fechadas, as particulares rapidamente se reinventaram disponibilizando aulas síncronas por videoconferência e a maioria das públicas conseguiu, no máximo, enviar um caderno de atividades para a casa dos alunos e disponibilizar aulas assíncronas.
A redução dessa desigualdade depende da valorização e do investimento do estado na educação básica, no alicerce educacional. A capacitação e a formação continuada dos professores, o acesso aos recursos tecnológicos, a conexão à internet, a alimentação e a garantia de funcionamento dessa infraestrutura são fundamentais, bem como, condições salariais dignas para os profissionais da educação. A educação do futuro será híbrida, ou seja, o “ir à escola” não significará mais um deslocamento de um lugar para outro. A escola estará 24 horas presente na vida do aluno, seja no período em que ele está na sala de aula física, seja no restante do tempo que ele terá a oportunidade de aprender e se desenvolver por meio dos recursos digitais. Ou seja, além de corrigir os problemas do passado, precisamos olhar para o futuro e agir com proatividade.
Investimentos na educação não bastam! Precisamos, como país, conseguir oferecer condições básicas de dignidade humana para os alunos e seus familiares. Ninguém aprende com fome, ninguém aprende se está inseguro ou com medo, ninguém aprende se está doente, ninguém aprende se convive num ambiente de violência.”
NEO:
O segmento de educação precisou se reinventar rapidamente nos últimos dois anos por conta da pandemia, sendo a tecnologia uma ferramenta fundamental para garantir o acesso ao ensino. Como a Somos Educação pode contribuir para este cenário?
Bruno Junqueira:
“A Somos Educação sempre foi pioneira na utilização da tecnologia no meio educacional. Graças a esse pioneirismo e aos investimentos constantes em tecnologia, já tínhamos o maior e mais completo ambiente de aprendizagem digital do país por meio do Plurall. Como iniciativa para mitigar os impactos aos nossos parceiros durante a pandemia, habilitamos o Plurall para 100% dos segmentos (Educação Infantil, Fundamental 1 e 2, Ensino Médio e Pré-Vest), das escolas que adotam algum material ou sistema de ensino nosso, o que anteriormente era liberado apenas para as séries e disciplinas contratadas.
Por meio da integração do Plurall com o Google Meet permitimos que as escolas pudessem migrar totalmente para o ambiente digital e reproduzir com êxito suas salas de aula nesse novo ambiente virtual. Desde março/2020 até dezembro/2021 foram mais de 22 milhões de aulas digitais.
Ao liberar o Plurall para todas as séries, permitimos que professores, através do Maestro, pudessem consumir nosso banco de conteúdos/questões para preparar e dar aulas/tarefas aos alunos. Para além disso, o professor também poderia criar seus próprios conteúdos. O Maestro se tornou a ferramenta mais utilizada com aproximadamente 500 milhões de materiais ou atividades enviadas pelos professores aos alunos entre março/2020 até dezembro/2021.
Fizemos parcerias com EdTechs mundiais e com laboratórios de Harvard e do MIT com foco em ensino de matemática gamificada, laboratórios virtuais de química, física e ciências dentre outras e liberamos através do Plurall, sem custo adicional para as escolas usarem em 2020.”
NEO:
Qual a sua visão sobre as consequências dos últimos dois anos de ensino à distância para os alunos do ensino básico?
Bruno Junqueira:
“Sem dúvida alguma tivemos nesses dois anos, principalmente em escolas menos estruturadas, um grande déficit de conteúdo, mas acredito que esse déficit pode ser minimizado com um competente diagnóstico e um plano de ação de curto, médio e longo prazo da equipe pedagógica das escolas. As maiores consequências, e essas serão mais difíceis de serem superadas, estão relacionadas ao desenvolvimento socioemocional e cognitivo. Esse desenvolvimento depende, e muito, das relações humanas, das experiências, do contato entre o aluno e seus pares e entre o aluno e seus professores, depende da vivência no ecossistema escolar.
Outro ponto que merece total atenção e trabalhos dos educadores e da administração escolar é a evasão escolar. Temos o desafio de trazer os alunos de volta, acolhê-los com empatia e mantê-los na escola após esses 2 anos em casa.”
NEO:
Você acredita que o sistema educacional voltará a ser como era antes da pandemia? O que deu certo e pode ser adaptado na realidade pós pandêmica?
Bruno Junqueira:
“A educação, independente do que aconteça, está em constante evolução, ou seja, nunca um ano letivo é igual a outro. Porém, a pandemia acelerou essa evolução em alguns aspectos: A tecnologia educacional, para aqueles que tiveram acesso, foi fundamental para que os alunos aprendessem em casa, um ambiente virtual de aprendizagem foi construído e testado. Esse ambiente estimula a autonomia do aluno, o estímulo ao aprender a aprender. Sem dúvidas dividirá espaços com o ambiente físico de aprendizagem.
As metodologias ativas também ganharam muito espaço, tais como a sala de aula invertida, a rotação, a aprendizagem baseada em problemas ou projetos, entre outras. Acredito que serão incorporadas, ainda mais, com a volta às aulas presenciais.
A parceria família/escola também ganhou força. Em momentos de dificuldade a tendência é a união das pessoas e não foi diferente com educadores e famílias. Essa aproximação tende a ficar fortalecida no pós-pandemia.
A formação de professores também foi facilitada com o ambiente virtual, tornando a troca de experiências, as palestras, cursos e capacitações mais acessíveis a todos.”
3 fevereiro 2022