ESG: um caminho sem volta

Por: Fernando Neves

Não é de hoje que a pauta de ESG está em evidência no mercado corporativo, conquistando cada vez mais relevância nas agendas estratégicas das organizações. De acordo com o estudo da gestora de ativos BlackRock, investidores de 27 países, inclusive o Brasil, pretendem dobrar os recursos alocados em sustentabilidade até 2025¹.

Este crescente ganho de importância não se limita apenas aos investidores e acionistas. Inclui também executivos e conselheiros, bem como a sociedade de uma forma mais ampla, visto que para as novas gerações esta temática engloba valores que são considerados fundamentais e inegociáveis. Desta maneira, empresas que ainda não aderiram aos princípios do ESG correm o risco de perder potenciais colaboradores e consumidores de suas marcas.

Na ótica do mercado de Executive Search estes movimentos também ficam evidentes. Temos acompanhado cada vez mais as organizações em busca de profissionais com experiência na liderança de projetos e apresentando resultados consistentes nas frentes de governança ambiental, social e corporativa.

Da mesma forma, percebemos que os candidatos dos processos de recrutamento para posições de liderança estão cada vez mais incluindo a agenda de ESG como uma variável fundamental para a tomada de decisão de uma eventual mudança de empresa, buscando entender as principais iniciativas e compromissos das companhias com o tema.

Em pesquisa realizada pela NEO Executive Search e a Fundação Dom Cabral sobre o papel dos conselhos consultivos na transformação das empresas no Brasil, a busca por melhores práticas de ESG foi apontada como o principal desafio das organizações para o futuro, sendo citada por 45% dos acionistas e conselheiros entrevistados.

Apesar de toda ênfase do ecossistema empresarial em ESG, existe o receio de que essa onda não seja tratada de forma genuína em todo o mercado. Logo, vale ressaltar a importância de uma estratégia que realmente se conecte com o propósito da organização.

Adicionalmente, a compreensão de como o negócio se conecta com o guarda-chuva ESG, bem como a análise de seus pontos fortes e fracos são fatores críticos para garantir a assertividade da implementação dessa agenda.

Grandes líderes empresariais destacam a importância de se cumprir algumas etapas e defendem as melhores práticas para que todo este processo seja bem-sucedido, dentre esses fatores estão: (1) desenvolvimento de indicadores para a mensuração dos resultados; (2) transparência na comunicação do desempenho de iniciativas com todos os stakeholders envolvidos; (3) capacitação dos líderes através de treinamentos de ESG; (4) compromisso da alta gestão na disseminação da cultura de ESG e (5) definição de metas de desempenho para cumprimento dos objetivos estabelecidos.

De forma geral, percebe-se um alto nível de conscientização em torno do tema atualmente. Por outro lado, o mercado corporativo brasileiro ainda possui muitas oportunidades a serem capturadas através de ações concretas na frente de ESG. O que podemos afirmar com convicção é que não se trata mais de escolha, mas sim de necessidade. Sendo assim, os líderes e organizações que ignorarem o assunto consequentemente ficarão para trás.

Referência Bibliográfica

¹disponível no link: https://valor.globo.com/executivo-de-valor/noticia/2021/07/21/para-onde-caminha-o-esg.ghtml

https://valor.globo.com/executivo-de-valor/noticia/2021/07/21/guia-de-praticas-esg.ghtml